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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Meditações sobre a Semana da Paixão 2021 - Pavor e Angústia, Traição e Prisão - mas com um sinal de esperança - a Quinta-feira de Jesus (Mc 14.12-72)

Há muita morte e tristeza nos nossos dias. Muitos mortos, doentes, desempregados. Muitos se sentindo sozinhos, deprimidos e sem esperança. Parecia que a pandemia estava acabando, mas em 2021 ela começa de novo, pior e mais forte. Tempos difíceis. Mas olhar para Jesus naquela quinta-feira da Semana da Paixão pode mudar tudo na nossa vida, dar um novo rumo ao nosso coração quebrado. 

O clima era pesado e de morte. Dava para sentir a tensão no ar. Os líderes judaicos, juntamente com Judas, há haviam feito um pacto contra Jesus. E Jesus anuncia profeticamente que será traído por um dos discípulos (vv. 17-21). 

Mas surge um sinal de esperança. Jesus celebra a Páscoa com os seus discípulos. A Páscoa judaica celebrava a libertação de Israel da escravidão do Egito. Mas, ao celebrar a Ceia da Páscoa com os seus discípulos, algo novo acontece. O pão e o vinho não estão apontando mais para o antigo significado judaico, mas para o corpo e o sangue de Jesus. Em meio à todo perigo, tensão e angústia daquela hora, Jesus estabelece uma Ceia que aponta para aquilo que ele estava fazendo, ao estabelecer uma Nova e Eterna Aliança, através da sua cruz e ressurreição. Jesus já havia anunciado antecipadamente a sua cruz e ressurreição (Mc 8.31-33), mas o faz agora de uma maneira nova, instituindo um sacramento, uma refeição em que Ele manifesta a Sua presença: a Ceia do Senhor. A Ceia revela que tudo aquilo que está acontecendo (perseguição pelas autoridades, traição de Judas, negação e abandono pelos discípulos, condenação pelo tribunal judaico, morte na cruz) está debaixo da soberania de Deus. O Senhor está orquestrando tudo, inclusive o que as pessoas fazem de certo ou errado, para que o Reino de Deus se estabeleça, através do sacrifício de amor na cruz e da vitória da ressurreição! Nada estava fora da soberania de Deus! E Jesus afirma que, apesar do anúncio da própria morte, beberá o vinho novo no Reino de Deus, pois a morte não poderá derrotá-lo. 

Mas a quinta feira não terminou! Jesus já havia indicado que um dos discípulos o trairia. Agora anuncia que, diante da sua morte tão próxima, os discípulos ficariam perdidos e atordoados - e o próprio Pedro o negaria. Pedro e os demais discípulos afirmaram que Jesus estava enganado, que eles jamais o abandonariam ou negariam. Sempre erramos feio quando não ouvimos a voz do Senhor!

A seguir Jesus vai com seus discípulos ao Getsêmani, para orar. Ele já sabia tudo o que iria acontecer e já o havia anunciado aos seus discípulos antecipadamente. Jesus já sabia o que o aguardava: traição, negação, abandono, perseguição, tortura, humilhação, injustiça, condenação injusta e uma morte longa e dolorosa que chegava através de um longo processo por asfixia, resultando num ataque cardíaco. Era o peso de suportar todo mal e toda culpa do mundo sobre si, para nos salvar. Apesar de saber há tanto tempo o que o aguardava, é apenas no Getsêmani que Jesus é tomado de angústia, o que demonstra um extraordinário equilíbrio! Em tempos de tanta ansiedade como os que vivemos, é impressionante perceber como Jesus vivia um dia de cada vez e não permitiu que a ansiedade tomasse conta do seu coração e da sua vida! No Getsêmani Jesus ora ao Pai, expressa o seu desejo de não passar pela dor e sofrimento insuportáveis que o aguardavam, mas se entrega à vontade do Pai - e não ao próprio desejo. Jesus está vulnerável, sofrendo, mas está pronto para encarar a sua hora, por amor ao Pai e para a nossa salvação! Jesus encontra os discípulos dormindo, esgotados diante de toda angústia daquele momento. Jesus vigiou e orou. Os discípulos não. Jesus se levanta, firme, após orar ao Pai, para encarar a sua hora. 

Judas chega com um grande número de soldados armados e trai Jesus com um beijo - o sinal  que indicaria aos soldados quem deveria ser preso. Jesus é levado ao Sinédrio, ao tribunal judaico, que procura condená-lo de alguma maneira, mas os depoimentos não eram coerentes. Em resposta ao sumo sacerdote, Jesus afirma a verdade: Ele é o Cristo, o Filho do Deus bendito, o Filho do Homem (vv. 61-62). Ele é condenado por blasfêmia, por dizer a verdade. Então todos passam a maltratá-lo, insultarem  e a cuspir nele, dizendo: "profetize"! Mas ele já havia profetizado!

Os discípulos não vigiaram e oraram no Getsêmani. Jesus resiste à tentação e se mantém fiel à vontade do Pai. Já os discípulos falharam: traíram, abandonaram e negaram a Jesus. Felizmente a história não dependia do fracasso dos discípulos, mas da vitória de Jesus. 

Todos pecaram, todos falharam, menos Jesus. Jesus não tapou o sol com a peneira, não fez de conta que a dor, o sofrimento, o mal, a traição e a morte não fossem reais. Mas ele encarou tudo com confiança no Pai e por amor de nós. Todos os demais fracassaram, pecaram e falharam. Mas Jesus não nos abandonou. Ele não deixou de nos amar. Na verdade, ele não precisava sofrer nada daquilo, mas sofreu por amor a todos nós. 

Nesses dias de doença, morte, crise e angústia precisamos olhar para Jesus e para os discípulos. Quem definiu a história não foi o fracasso dos discípulos, mas a vitória de Jesus. Como na Ceia, Jesus continua manifestando sua presença entre nós, para encher o nosso coração de fé e esperança. Devemos vigiar, orar, confiar em Deus e viver na sua presença. Mas, mesmo quando vacilamos, erramos ou falhamos, Jesus continua o mesmo, continua sendo Rei, continua sendo salvador, continua a manifestar a sua presença nossa vida. Quem define a história  não é o sofrimento, a morte ou mesmo nossas próprias falhas, pecados e fraquezas. Quem define a história é Jesus! Ele continua manifestando sobre nós a sua presença real e trazendo esperança em meio à tanta dor e sofrimento. 

ORAÇÃO. "Senhor Jesus, não há quem possa ser comparado a ti. Obrigado por nos amar de tal maneira que o Senhor tomou sobre si nossa angústia, sofrimento e morte, para derramar sobre nós da sua alegria, do seu amor e da sua vida. Como é bom saber que o Senhor nos ama, mesmo nos momentos em que nos encontramos fracos, cansados e desanimados. Como é bom saber que o Senhor não nos entrega ao desespero, mas nos oferece da Sua Presença, que renova o nosso coração e a nossa mente para uma viva esperança em ti. Tu és digno de toda honra e toda a glória, pois tudo o que o Senhor sofreu foi por amor de nós e em nosso favor. Louvamos o teu nome em amor e gratidão, em esperança e fé. Amém". 

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