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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Igreja primitiva guardava o sábado ou o domingo?


INTRODUÇÃO
Quem conhece um pouco de história da Igreja sabe que os três grandes ramos do cristianismo (Ortodoxos Gregos, Católicos Romanos e Protestantes/Evangélicos) honram de maneira especial o domingo e não o sábado. Mas há fundamentação bíblica para isso, ou seria esta prática uma inovação do Imperador Constantino ou mesmo do Papa, como afirmam alguns?
Vamos proceder a pesquisa da seguinte maneira: 1) Vamos estudar o tema da guarda do sábado ou do domingo à luz da Bíblia (até o século I); 2) Vamos estudar um pouco da documentação da Igreja Antiga a respeito (séculos I, II e III e IV); 3) Vamos apresentar algumas considerações finais.
No entanto, antes do nosso estudo, vamos apresentar dois argumentos importantes da escritora Ellen G. White, autora do livro "O Grande Conflito", sobre a guarda do sábado: a) O mundo está dividido entre os adoradores da besta e os adoradores de Deus, sendo a marca distintiva dos adoradores de Deus a guarda do sábado, e dos adoradores da besta, a guarda do domingo (White: 1996, [446-447] p. 256); b) O Imperador Constantino e o papado substituíram o sábado pelo domingo, como expressão da falsa religião dos adoradores da Besta. A "supremacia do papado" teria ocorrido, segundo White, no ano 538 d.C. (White: 1996, [438-440], p. 252). Constantino, por sua vez, "promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano (...). O dia do Sol era venerado por seus súditos pagãos e honrado  pelos cristãos; era política do imperador unir os interesses em conflito do paganismo e cristianismo" (White: 1996, [50-52], p. 32).
Nossos objetivos com esta pesquisa são os seguintes: 1) Verificar as bases bíblicas para a guarda do sábado ou do domingo; 2) Verificar se a tese de Ellen White, a saber, de que o sábado foi substituído pelo domingo por obra do Papa e do Imperador Constantino, tem fundamentação histórica, ou se a mudança já é testemunhada pelo próprio Novo Testamento, bem como pela literatura cristã primitiva.


1) O SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO
Vamos estudar o sábado de acordo com os vários períodos da história de Israel, com os textos bíblicos correspondentes com cada uma destas fases.
a) Êxodo e Confederação das tribos
Fica claro que, no Antigo Testamento, é afirmado o dia de sábado como um dia especial, sagrado:
"E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera" (Gênesis 2.2-3).
Segundo a Torá, o sábado é observado pelos hebreus a partir da Aliança com Moisés. O relato de Gênesis 1.1-2.4a, que encerra com a afirmação do sábado, não influenciou a narrativa bíblica até Moises. Por outro lado, Gênesis faz parte da Torá (Lei de Moisés), de modo que podemos afirmar que, na narrativa bíblica, o sábado tem início com Moisés. Não estamos afirmando aqui que, historicamente, ninguém observou o sábado antes de Moisés, mas que a narrativa bíblica só afirma a guarda do sábado a partir de Moisés.
Segundo a Lei de Moisés, alguns ritos deveriam ser observados todo sábado no tabernáculo/templo:
a) havia ofertas que deveriam ser entregues no templo: "No dia de sábado, oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e duas décimas de um efa de flor de farinha, amassada com azeite, em oferta de manjares, e a sua libação; é holocausto de cada sábado, além do holocausto contínuo e a sua libação" (Nm 28.9-10); b) os pães da proposição deveriam ser renovados pelos sumos sacerdotes no templo (Lv 24.8;1Cr 9.32).
A Lei de Moisés enfatiza o sábado, apresentando-o como um dos dez mandamentos:
"Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro;  porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou" (Êxodo 20.8-11 - 4o mandamento).
Em relação ao período da Confederação das Tribos, ou seja, da conquista de Canaã até a instituição da Monarquia em Israel, simplesmente não há referência ao sábado na narrativa bíblica correspondente (Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel).
b) Monarquia
No período da monarquia, não há referência ao sábado em 1Samuel e 1Reis. Entre os profetas, Isaías denuncia que muitos passaram a guardar o sábado não como expressão da fé e do compromisso com o Senhor, mas como um mero costume associado a uma vida sem santificação, uma vida de injustiça e pecado (Is 1.13 - única referência ao sábado em Isaías 1-39). É importante destacar que, entre os profetas do período, apenas Isaías e Jeremias ("profetas maiores"), juntamente com Oséias e Amós ("profetas menores"), fazem referência direta ao sábado. Os demais profetas "escritores" do período da monarquia não fazem referência ao sábado (inluindo Sofonias e Habacuque).
Resumo das referências bíblicas sobre o sábado:
- 2Samuel: não há referência;
- 1Reis: não há referência;
- 2Reis: há 5 referências em 2Reis, das quais duas são acidentais (2Rs 11.5,7,9) e duas fazem referência religiosa ao sábado (2Rs 4.23;16.18);
- 1 e 2Crônicas: Escritos no contexto do pós-exílio, fazem 8 afirmações sobre o sábado (1Cr 9.32;23.31; 2Cr 2.4; 8.13; 23.4,8; 31.3;36.21), todas destacando o aspecto religioso;
- Há uma referência ao sábado em Amós: Am 8.5;
- Há uma referência ao sábado em Oséias: Os 2.11;
- No livro do Profeta Jeremias há 4 referências ao sábado, mas no mesmo texto (Jr 17.21,22,24,27).
c) Exílio e Pós-Exílio
Durante o Exílio na Babilônia e o Pós-Exílio, os profetas insistem com o mandamento do sábado, afirmando que a sua observância corresponderia a bênçãos, e sua violação corresponderia à ira de Deus (Is 56.2; 58.13; Ez 20.13).
Depois que o templo foi destruído pelos Babilônios (587 a.C.), os judaítas tiveram a necessidade de organizar a sua vida de acordo com a nova realidade - daí a origem da sinagoga. Fora de Jerusalém, no pós-exílio, os sacrifícios e a renovação dos pães da proposição são substituídos por reuniões na sinagoga, as quais surgiram após a destruição do primeiro templo, e nas quais os judeus se reuniam para oração e a leitura comentada das Escrituras.
Os persas dominam o antigo império (539 a.C.) e autorizam a reconstrução do templo, quando Neemias promove a restauração da guarda do sábado (Ne 13.15-22).
Durante e após o exílio, não encontramos referência ao sábado na narrativa bíblica nos livros de Ageu, Zacarias, Joel e Malaquias. É importante destacar também que, em toda a literatura poética e sapiencial bíblica, não encontramos sequer uma referência ao sábado!
O livro dos Salmos apresenta uma única referência ao sábado, e isto no título do Salmo 92 (Sl 92.1).
O livro de Lamentações, escrito na perspectiva dos judaítas que permaneceram na terra de Israel durante o exílio, também cita o sábado como instituição divina (Lm 2.6), mas uma única vez.
O profeta Ezequiel faz referência ao sábado em 14 versos: Ez 20.12,13,16,20,21,24; 22.8,26; 23.38; 44.24; 45.17; 46.1,3,4,12).
O Trito-Isaías faz 5 referências ao sábado (Is 56.2,4,6; 58.13; 66.23).
No livro de Neemias encontramos 10 versos sobre o sábado (Ne 9.14; 10.31,33; 13.15,16,17,18,19,21,22).
Referências diretas ao sábado no Antigo Testamento
Gênesis: Gn 2.2-3.
Êxodo: Ex 16.23,25,26,29; 20.8,10,11; 31.13,14,15,16; 35.2,3.
Levítico: Lv 16.31; 19.3,30; 23.3,12,1516,32,38; 24.8; 25.2,4; 26.2,34,35,43.
Números: Nm 15.32; 28.9-10.
Deuteronômio: Dt 5.12,14,15.
2Reis: 2Rs 11.5,7,9.
1Crônicas: 1Cr 9.32;23.31.
2Crônicas: 2Cr 2.4; 8.13; 23.4,8; 31.3;36.21.
Neemias: Ne 9.14; 10.31,33; 13.15,16,17,18,19,21,22.
Salmos: Sl 92.1 (título)
Isaías: Is 1.13; Is 56.2,4,6; 58.13; 66.23.
Jeremias: Jr 17.21,22,24,27.
Lamentações: Lm 2.6.
Ezequiel: Ez 20.12,13,16,20,21,24; 22.8,26; 23.38; 44.24; 45.17; 46.1,3,4,12
Oséias: Os 2.11.
Amós: Am 8.5.
Ausência de referências ao sábado no Antigo Testamento
Josué, Juízes, Rute, 1Samuel, 2Samuel, 1Reis, Esdras, Ester, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Daniel, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias: não há referência direta ao sábado.
d) Período Intertestamentário
O livro deuterocanônico dos Macabeus narra a fuga de um grupo de judeus para o deserto, fugindo das autoridades reais gregas, quando são surpreendidos pelos soldados num sábado. Os judeus, por guardarem o sábado, não "lhes atiraram uma pedra sequer, nem se entricheiraram nos esconderijos, mas disseram: - 'morramos todos com a consciência limpa!'" (1Mc 2.31-37). A família de Matatias, no entanto, fez o seguinte voto, a luz do que aconceteu com seus patrícios:
"'Se todos nós fizermos como nossos irmãos, não lutando contra os pagãos pela vida e por nossa Lei, em breve eles vão nos eliminar do país'. Nesse mesmo dia se reuniram e tomaram a seguinte decisão: 'Responderemos lutando a quem nos atacar no sábado; assim não pereceremos todos, como nossos irmãos nos esconderijos" (1Mc 2.40-41).
Em 2Macabeus 8.25-28, com a chegada do sábado, os judeus abandonam uma perseguição em que estavam alcançando grande triunfo.
Em Jubileus 50.8-12, o preparo de alimentos e as relações conjugais são proibidos no sábado.
Entre os Essênios, grupo sacerdotal que rompeu com a sociedade maior, não se podia carregar qualquer objeto no sábado.
Podemos observar que no judaísmo tardio há uma radicalização em relação a guarda do sábado como não se observava no Antigo Testamento (Bíblia Hebraica). Esta radicalização será apresentada no Novo Testamento através da chamada Tradição dos Anciãos.
CONCLUSÃO SOBRE O SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO
Antigo Testamento apresenta as seguintes razões para o seguimento do sábado: a) O ser humano segue o exemplo do Criador, que descansou no sétimo dia da obra da criação (Gn 2.2-3); b) A santificação do sábado é um mandamento ordenado na Lei (Ex 20.8-11); c) O sábado possibilitava o descanso do trabalho semanal do ser humano, bem como dos animais (Ex 23.12-13; Dt 5.12-15); d) O sábado servia  de sinal entre o Senhor e seu povo, para que todos soubessem que o Senhor santifica o seu povo (Ez 20.12).
Podemos observar que, num primeiro momento, o sábado estava ao lado de outros dias sagrados, apesar da ênfase dada ao sábado nos mandamentos. Apesar disso, não há evidência de uma ênfase no sábado no período da Confederação das Tribos (Josué, Juízes, Rute) ou da Monarquia (1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas). Por exemplo, não há sequer uma referência ao sábado nos livros de Josué, Juízes, Rute e 1 e 2 Samuel e 1 Reis. O livro de 2 Reis cita o sábado, mas sem muita ênfase. Faz-se maior referência ao sábado em 1 e 2 Crônicas, escritos no pós-exílio - momento da história do Antigo Testamento em que o sábado assumiu especial importância na identidade religiosa dos judeus. É apenas no Exílio e no Pós-Exílio que vemos o sábado assumindo uma grande importância no dia a dia do povo de Israel. Mas é no chamado "período intertestamentário" que o sábado passa a ser observado com mais radicalidade.
Apesar das observações acima, fica claro que o Antigo Testamento afirma, com clareza, a santificação do sábado, conforme a lei. No AT, observar o sábado significa "descansar" no sábado.

2) O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO
O tema do Sábado e do Domingo no Novo Testamento tem, para nós, uma significação especial. Por isso, vamos citar e comentar todas as ocorrências do sábado no Novo Testamento, dividindo todas as passagens em grupos, de acordo com a importância para a discussão do tema.

Evangelhos. Nos textos sublinhados não há referência direta ao sábado, apesar de serem paralelos aos demais na mesma linha. Estamos organizando os textos bíblicos (perícopes) de acordo com a sequencia Mateus, Marcos, Lucas, João, a não ser que no texto anterior não haja referência ao sábado.
- Mt 12.1-8/Mc 2.23-28/Lc 6.1-5 (polêmica com fariseus pela colheita de espigas pelos discípulos em dia de sábado);
- Mt 12.9-14/Mc 3.1-6/Lc 6.6-11 (polêmica com fariseus sobre a cura num sábado);
- Mt 24.15-22/Mc 13.14-23/Lc 21.20-24 (sobre a grande tribulação em Jerusalém);
- Mt 28.1-8/Mc 16.1-8/Lc 24.1-10 (narrativa da ressurreição/túmulo vazio);
- Mc 1.21-28/Mt 4.12-17/Lc 4.14-15 (Jesus ensina com autoridade);
- Mc 6.1-6/Lc 4.16-30/Mt 13.53-58 (Jesus visita Nazaré);
- Mc 15.42-47/Lc 23.50-55/Mt 27.57-61/Jo 19.38-42 (o sepultamento de Jesus);
- Mc 16.1-2/Mt 28.1-8/Lc 24.1-10/Jo 20.1-2 (o sepulcro encontrado vazio);
- Lc 4.16-19/Mc 6.1-6/Mt 13.53-58 (Jesus visita Nazaré);
- Lc 4.31-37/Mc 1.21-28 (Jesus ensina e cura um endemoninhado em Cafarnaum);
- Lc 13.10-17 (cura de uma mulher encurvada em dia de sábado);
- Lc 14.1-6 (cura de um hidrópico num sábado);
- Jo 5.1-18 (Cura de um enfermo na piscina de Betesda);
- Jo 7.14-24 (Jesus sobe a Jerusalém para a festa e ensina);
- Jo 9.1-17 (cura de um cego de nascença);
- Jo 19.31-37 (o golpe da lança).

Atos dos Apóstolos
- At 1.12-14 (o grupo dos apóstolos);
- At 13.13-52 [vv. 13-15, 42-45] (Paulo chega em Antioquia da Pisídia, onde prega aos judeus);
- At 15.13-21 (Discurso de Tiago);
- At 16.11-15 (Chegada a Filipos);
- At 17.1-9 (Em Tessalônica, dificuldades com os judeus);
- At 18.1-4 (Fundação da Igreja em Corinto).

Das Epístolas Paulinas ao Apocalipse
- Cl 2.16-19 (sombras da lei que apontam para Cristo - sua realidade).

Podemos dividir os textos bíblicos do Novo Testamento que falam sobre o sábado nos seguintes grupos:
a) Textos em que o sábado é citado casualmente, sem implicações doutrinárias. Mc 15.42-47 par. (Sexta como véspera do sábado); At 1.12-14 ("jornada de um sábado" é referência não ao dia, mas à distância).
b) Textos que relacionam o sábado com judeus e/ou a sinagoga (sejam praticantes do "judaísmo" ou "judeus cristãos"). Mt 24.15-22  (par.) - sobre a destruição do templo de Jerusalém e o cerco de Tito; Mc 1.21-28 (par.) - Jesus prega na sinagoga; Mc 6.1-6 (par.) - Jesus prega numa sinagoga; Mc 15.42-47 (par.) - contexto do sepultamento de Jesus; Mc 16.1-2 (par.) - passado o sábado, as mulheres foram ao sepulcro; Lc 4.16.19 (par.) - Jesus foi na sinagoga pregar; Lc 4.31-37 (par.) -  Jesus prega e cura um endemoninhado no sábado; Jo 19.31-37 (os soldados "apressam" a morte dos crucificados por causa do sábado); At 13.13-52 [vv. 13-15, 42-45] (Paulo chega em Antioquia da Pisídia, onde prega aos judeus); At 15.13-21 (Discurso de Tiago - onde as recomendações aos gentios dizem respeito ao testemunho diante dos judeus, que ouvem a Lei de Moisés nos sábados); At 16.11-15 (Cegada a Filipos, ao redor da qual Lídia ouve o Evangelho e é batizada, com toda a sua casa); At 17.1-9 (Em Tessalônica, Paulo prega na sinagoga, encontrando resistência por parte dos judeus); At 18.1-4 (Paulo prega na sinagoga em Corinto).
c) Textos sobre a originalidade de Jesus e os doze em relação ao sábado. Mt 12.1-8 (par.) - polêmica com fariseus pela colheita de espigas pelos discípulos em dia de sábado; Mt 12.9-14 (par.) polêmica com fariseus sobre a cura num sábado; Mt 28.1-8 (par.) - narrativa da ressurreição/túmulo vazio; Lc 13.10-17 - polêmica sobre a cura de uma endemoninhada em dia de sábado; Lc 14.1-6 - polêmica sobre a cura de um hidrópico num sábado; Jo 5.1-18 - polêmica sobre a cura de um paralítico num sábado; Jo 7.14-24 - Jesus sobe a Jerusalém para a festa e ensina, polemizando sobre a cura no sábado; Jo 9.1-17 - Jesus cura um cego num sábado e gera polêmica.
d) Textos sobre cristãos não judeus guardando o sábado. Simplesmente não há!  Pelo contrário, confira:
Cl 2.16-19. Paulo afirma que restrições alimentares por motivo religioso, dias de festa religiosa em geral, a festa da lua nova e, especificamente, os sábados "tem sido sombra das coisas que haviam de vir"; porém "a realidade é Cristo"(NTLH). Ou seja, "sábados" são "sombras" que apontam para a sua realidade, que é "Cristo".
Podemos considerar também, neste contexto, Rm 14.1-12. Não devemos julgar uns aos outros pautados na distinção de alimentos ou dia de descanso obrigatório. Estas questões são secundárias e, portanto, não devem ser exigidas dos outros, pois o que importa é que "cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente" (Rm 14.5). Portanto, a afirmação de Ellen White de que o sábado é marca dos adoradores de Deus e o domingo é marca dos adoradores da Besta contraria claramente a Palavra de Deus.
Outro texto bíblico importante é Gl 4.8-11. Paulo, falando aos cristãos da Galácia contra os "judaizantes", ou seja, pessoas que afirmavam que os cristãos deveriam recorrer à circuncisão e a guarda dos sábados e festas judaicas, afirma o seguinte: "Guardar dias, e meses, e tempos, e anos" é voltar aos "rudimentos fracos e pobres" que, na verdade, só produzem "escravidão". Ou seja, as antigas festas judaicas, esvaziadas de Cristo, não fazem sentido na Nova Aliança! A Páscoa e o Pentecostes continuam sendo celebrados por não serem mais festas judaicas, mas agora festas cristãs, tendo na cruz e na ressurreição de Cristo o seu fundamento.
Ver também At 15.1-35, quando o concílio (apóstolos e presbíteros) se reúne em Jerusalém para discutir a seguinte questão: os gentios (não judeus) precisam ser circuncidados como os judeus, quando crêem em Cristo? A resposta é não, e entre as recomendações importantes, simplesmente não há menção na guarda do sábado - apesar de que a recomendação de que "vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como o sangue, da carne de animais sufocados" seja um testemunho diante dos judeus, que lêem a Lei de Moisés nas sinagogas nos sábados (At 15.20-21. 28-29). Neste texto, o sábado é muito importante exatamente pela sua ausência - o que demonstra sua falta de importância para quem já está em Cristo - a realidade para a qual a sombra do sábado aponta.
CONCLUSÃO SOBRE O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO.
Podemos perceber claramente que:  a) São poucas as passagens que fazem referência "acidental" ao sábado; b) a maior parte das referências do Novo Testamento ao sábado estão no contexto judaico, ou seja, ou fazem referência ao costume judaico de frequentar a sinagoga no sábado, ou mesmo dos judeus cristãos. Portanto, estas passagens são de pouca importância na discussão da guarda do sábado para cristãos gentios (não judeus); c) Jesus e seus primeiros discípulos eram judeus e, como tais, guardavam o sábado, mas não sem demonstrar liberdade em relação a interpretação legalista dos escribas e fariseus. É importante notar que este grupo de passagens é marcado pela polêmica em relação a forma dos escribas e fariseus (ou pelos "judeus" de modo geral) guardavam o sábado; d) A ausência do sábado no contexto do cristianismo gentílico é digno de nota, principamente a ausência na decisão do concílio de Jerusalém (Atos 15) ou a afirmação, tanto de Paulo quanto do autor de Hebreus, de que o sábado é "sombra" que aponta para a sua realidade, que é Cristo (Cl 2.16-17; Hb 10.1ss). Chama a atenção também o fato da ausência do sábado a partir dos Evangelhos e Atos dos Apóstolos, com exceção de Cl 2.16-17 (que fala justamente contra a guarda do sábado), bem como de Gl 4.8-11 (que afirma que "guardar dias, e meses, e tempos, e anos" é voltar aos "rudimentos fracos e pobres" que, na verdade, só produzem "escravidão")! Neste sentido, não existe nem mesmo um único verso na Bíblia que afirme a guarda do sábado pelos cristãos não judeus, principalmente onde mais se esperaria esta orientação ou mandamento, ou seja, em At 15.1-35!

3) DOMINGO NO NOVO TESTAMENTO
Se, por um lado, não encontramos sequer um simples verso do Novo Testamento que afirma a guarda do sábado por cristãos não judeus, encontramos várias referências do domingo como dia especial de assembleia, de culto, de celebração da Ceia do Senhor. No entanto, a atitude cristã em relação ao domingo é diferente da atitude judaica em relação ao sábado: enquanto no judaísmo o sábado está ligado ao descanso e ao jejum, o domingo cristão está ligado desde o princípio da Igreja à celebração festiva da ressurreição e à Ceia do Senhor. As principais passagens são as seguintes:
Evangelhos e Atos
- Lc 24.13-35 (Os discípulos no caminho de Emaús). Jesus ressuscita num domingo, e "naquele mesmo dia" se encontra com dois discípulos, lhes anuncia o Evangelho e celebra com eles a Ceia do Senhor. A partir de então, a celebração da Ceia do Senhor passa a ser uma prática dominical.
- Jo 20.19-29 (Relatos do encontro do Ressuscitado com seus discípulos). Jesus ressuscita em um domingo e aparece aos seus discípulos no domingo da ressurreição e ao oitavo dia (Jo 20.26), ou seja, no próximo domingo! Três aparições em oito dias, e todas no domingo.
- At 2.1-4. Os discípulos reunidos receberam o dom do Espírito "ao cumprir-se o dia de Pentecoste", ou seja, após o 50º dia depois da Páscoa, ou seja, um domingo - inferência provável segundo Allmen (Allmen:1968, p. 265).
- At 20.7-12. Testemunho da prática da Igreja primitiva em celebrar a Ceia do Senhor no domingo, o "primeiro dia da semana".
Epístolas
- 1Co 16.1-4. Quando Paulo fala das normas que deu para as igrejas da Galácia sobre a coleta para a Igreja de Jerusalém, e que agora dá as mesmas normas para as igrejas em Corinto, o apóstolo afirma que estas deveriam ser feitas "no primeiro dia da semana", por uma razão óbvia: era o dia em que a Igreja se reunia para o culto a Deus e a celebração da Ceia do Senhor. Caso contrário, não faria sentido estabelecer o domingo como dia da coleta, caso os cristãos não estivessem reunidos!
- Hb 4.1-11. O autor de Hebreus faz uma leitura paralela entre Gn 2.1-3, o Salmo 95.7-11 e a nova aliança em Cristo. A conclusão é a seguinte: Deus descansou no sétimo dia, mas este descanso não é realizado no dia do sábado, por um motivo muito simples: o Salmo 95.7-11, posterior a Moisés e a Josué, afirma: "Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto, quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras. Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos. Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso". Ou seja, se o descanso de Deus no sétimo dia correspondesse ao sábado, Deus não estaria afirmando no tempo de Davi que "não entrarão no meu descanso". O descanso de Deus na criação não é o sábado, mas é a nova realidade em Cristo!
Apocalipse
- Ap 1.10. O "dia do Senhor", aqui, não é o dia escatológico da consumação, mas um dia da semana, no qual João recebeu a revelação. O testemunho da literatura da Igreja Antiga (séculos II e III) é de que a expressão "dia do Senhor" em Apocalipse 1.10 seja, claramente, uma referência ao domingo, dia da semana em que o Senhor ressuscitou (como veremos, em detalhes, a seguir).

Além destes textos fundamentais, gostaríamos de comentar  os seguintes:
- Mt 5.17-20; Rm 6.14, 10.1-4. Jesus não veio para anular a Lei, mas para cumpri-la, de modo que "até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til passará da Lei, até que tudo se cumpra" (Mt 5.18). Mas a questão é exatamente esta: Jesus veio para cumprir a Lei, e uma vez que Ele já a cumpriu, ela passou, foi superada. Mas foi superada pelo quê? Por Cristo, "porque o fim da Lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê" (Rm 10.4). Nossa lei não foi escrita em tábuas de pedra, como no Sinai, mas foi escrita no coração (Jr 31.31-33), ou seja, não estamos debaixo da "Lei do pecado e da morte", mas sim debaixo da "Lei do Espírito da Vida" (Rm 8.4). O fruto do Espírito (Gl 5.22ss) inclui o amor, que é o cumprimento da Lei (Mt 22.36-40; Rm 13.10). Ora, a lei, incluindo o sábado, é apenas sombra, mas a realidade é Cristo (cf. Cl 2.16-17; Hb 8.5, 10.1-10).
Cristo removeu a "lei do pecado e da morte" (da qual o sábado faz parte!) para estabelecer a "Lei do Espírito da Vida em Cristo Jesus" (Rm 8.4; Hb 10.10).
CONCLUSÃO SOBRE O DOMINGO  NO NOVO TESTAMENTO
Como pudemos analisar, se por um lado não há sequer uma referência a guarda do sábado por parte de cristãos gentios, por outro lado o Novo Testamento afirma a guarda do domingo, do dia do Senhor, do dia da semana em que o culto e, em especial a Ceia do Senhor, eram celebrados (Lc 24.13-35; At 20.7-14; 1Co 16.1-4; Ap 1.10). No entanto, ao contrário do sábado, que era dia de descanso e jejum, o domingo é dia de celebração alegre e Ceia do Senhor.

4) O SÁBADO E O DOMINGO NA LITERATURA DA IGREJA ANTIGA (SÉCs. I, II, III e IV):
Após a reflexão bíblica sobre o sábado e o domingo, vamos fazer agora citações de textos cristãos até o início do século IV d.C., logo após a assinatura do Edito de Milão (313 d.C.). Apenas lembrando, como vimos na introdução, que a tese do livro "O Grande Conflito", de Ellen G. White, é de que o sábado foi substituído pelo domingo pelo Imperador Constantino e pelo papado. Se a tese de Ellen White é verdadeira, não pode haver testemunho da guarda do domingo antes de Constantino e da instituição do papado.
- Inácio de Antioquia (35 d.C. a 98/107 d.C.) foi bispo de Antioquia, e escreveu o seguinte:
"Se, então, aqueles que eram educados na antiga ordem das coisas se apossaram da nova esperança, não mais observando o sábado, mas observando o Dia do Senhor, no qual também a nossa vida foi libertada por Ele e por Sua morte - alguns negam que por tal mistério obtemos a fé e que nele perseveramos para serem contados como discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre - como seremos capazes de viver longe Dele, cujos discípulos e os próprios profetas esperaram no Espírito para que Ele fosse o Instrutor deles? Era Ele que certamente esperavam, pois vindo, os libertou da morte" (Inácio de Antioquia, Magnésios 9 - grifo acrescentado).
O Didaquê (ou Didascalia dos Doze Apóstolos), documento cristão escrito entre 60 e 90 d.C., afirma:
"Reuni-vos no dia do Senhor para a fração do pão e agradecei (celebrai a eucaristia), depois de haverdes confessado vossos pecados, para que vosso sacrifício seja puro" (Didaque, XIV.1);
- Epístola de Barnabé (entre 70 e 131 d.C.)
"Ele finalmente lhes disse: "Não suporto vossas neomênias e vossos sábados". Vede como ele diz: não são os sábados atuais que me agradam, mas aquele que eu fiz e no qual, depois de ter levado todas as coisas ao repouso, farei o início do oitavo dia, isto é, o começo de outro mundo. Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus" (Epístola de Barnabé 15 - grifo acrescentado).
- Plínio, o jovem (c. 112 d.C.). Escrevendo sobre a "culpa" dos cristãos:
"Foram unânimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias, costumavam comer antes da alvorada e rezar responsivamente hinos a Cristo, como a um deus; obrigavam-se por juramento não a algum crime, mas à abstenção de robuso, rapindas, adultérios, perjúrios e sonegação de depósitos reclamados pelos donos. Concluído este rito, costumavam distribuir e comer seu alimento. Este, aliás, era um alimento comum e inofensivo" (BETTENSON: 1998, pp. 29-30). 
A citação acima aponta para o domingo pelo "comer antes da alvorada", lembrando a ressurreição de Cristo, referência confirmada pela refeição, que aponta para a Ceia do Senhor.
- Evangelho de Pedro. Segundo Bauer, este evangelho apócrifo, escrito antes de 150 d.C., "designa o dia da ressurreição já com o nome kuriakh "dominica", "Dia do Senhor" (BAUER, 1988, p. 312).
- Justino, o Mártir (100-165 d.C.)
"No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos (...) Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame" (JUSTINO, 1995, [I.67], p. 83).
- Tertuliano (160-220 d.C.). Segundo Bauer, Tertuliano e Justino "atestam igualmente a celebração do Domingo, ao qual designam, quando se dirigem a pagãos, como "dia do Sol" (dies solis) e quando se dirigem a cristãos, como "dia do Senhor" (BAUER, 1988,  p. 312);
- Melitão de Sardes, bispo na Lídia "escreve logo depois da metade do século II um tratado especial sobre o Domingo" (BAUER, 1988, p. 312).
- Literatura Rabínica. No século II d.C., a expressão "dia dos Nazarenos" na literatura rabínica aponta para o domingo dos cristãos (BAUER, 1988, p. 312);
Eusébio de Cesaréia escreveu a sua História Eclesiástica por volta de 323 d.C. O autor escreve o seguinte sobre os Ebionitas, um grupo de judeus cristãos da antiguidade:
"Da mesma forma que aqueles, observavam o sábado e tudo o mais da disciplina judaica. No entanto, aos domingos celebravam ritos semelhantes aos nossos em memória da ressurreição do Salvador" (EUSÉBIO, 2002, [III, XXVII, 5]).
Sobre a prática cristã em relação à circuncisão e ao sábado, não observados por cristãos:
"Não se preocuparam com a circuncisão corporal, como tampouco nós; nem da guarda do sábado, como tampouco nós; nem da abstenção destes ou daqueles alimentos, nem de afastar-se de tantas outras coisas, como Moisés deixou por tradição para que se cumprissem como símbolos, e que nós, os cristão de agora, tampouco guardamos. Em troca, claramente conheceram ao Cristo de Deus que, como demonstramos antes, apareceu a Abraão, tratou com Isaac, falou a Israel e conversou com Moisés e com os profetas posteriores" (EUSÉBIO, 2002, [I, IV, 8]).
CONCLUSÃO SOBRE O SÁBADO E O DOMINGO NA LITERATURA ANTIGA
Desde o século I, ou seja, desde o período de formação do próprio Novo Testamento, a literatura cristã antiga testemunha a prática cristã de guardar o domingo, dia do Senhor, dia da ressurreição do Senhor, como dia especialmente consagrado a Deus, não para jejum e descanso, mas para celebração da Ceia do Senhor e celebração do culto comunitário. O argumento de que o sábado foi trocado por Constantino ou pelo Papa cai por terra, bem como o argumento de que o "dia do Senhor" em Apocalipse 1.10 possa significar outra coisa, que não o domingo.

5) CITAÇÃO DE TRÊS ESTUDOS ESPECIALIZADOS
J.-J. von Allmen:
"No domingo a proclamação da Páscoa é muito mais importante do que o descanso, e tentar justificar o domingo "socialmente" pelo descanso, ao invés de "liturgicamente" pelo culto é algo de falso e inadmissível. Se o repouso fosse mais  importante do que o memorial da vitória de Cristo, a Igreja nascente não teria adotado um dia de culto diferente do sábado. A mudança do dia de culto por parte da Igreja apostólica é a prova mais eloquente de que não é possível entender o sentido do domingo se o interesse social em relação a um dia de descanso semanal se torna mais importante do que a comemoração da alegria pascal evocada pelo domingo" (Allmen, 1968, p. 270).
Johannes B. Bauer:
"Assim se vê que o Domingo não tem sua origem no judaísmo, mas também não no paganismo. Os pagãos, os romanos não celebravam festividade especial nos dies solis. Era o dia de Saturno (sábado) que se assemelhava ao Sábado dos judeus, porque no dia de Saturno, por ser o dia de desgraça, não se queria iniciar nenhum negócio e por isto se descansava (...). O "Domingo" (dies solis) dos cristãos não era dia de descanso, mas dia de celebração do culto, de alegria, da ressurreição do Senhor" (Bauer, 1988, p. 312).
J.-J. von Allmen:
"Com relação ao texto de Colossenses 2.16, citado no início deste artigo, pode-se perguntar se ele não contradiz o ensino neotestamentário, que reintroduz as festas na vida da Igreja. Lembre-se, contudo, que São Paulo protesta contra a manutenção de festas judaicas, e não contra a presença de festas cristãs. Poder-se-ia extrair daí a seguinte regra: é legítimo celebrar festas na Igreja, com a condição de que elas salientem que em Jesus veio o Messias e, portanto, a presença do Reino de Deus; as festas tornam-se ilegítimas quando deixam de lembrar a obra salvadora de Jesus (o Pentecostes sendo a obra de Jesus enviando o Espírito, Jo 15.26), ou quando deixam de anunciar sua volta gloriosa. Em  outras palavras, as festas cristãs devem ser primeiramente e antes de tudo cristológicas. Elas se tornam parasitárias a partir do momento em que afastam a pessoa e obra do Cristo do centro da fé e da alegria da Igreja" (ALLMEN. 2001, p. 205).

CONCLUSÃO
A partir da análise do tema do sábado e do domingo na Bíblia, concluímos que:
a) Aos que não crêem em Cristo, mas crêem no Deus de Israel e no Antigo Testamento como Palavra de Deus, o sábado deve ser observado em razão da lei de Moisés, que é testificada pelos profetas. E observar o sábado está ligado à prática de jejuar e "descansar".
b) Aos que crêem em Cristo, o Novo Testamento deixa claro que: 1) A lei é sombra que aponta para Cristo; A vontade de Deus não foi escrita em tábuas de pedra (Jr 31.31-33), mas pela graça de Deus em Cristo e no Espírito, na Nova Aliança (Rm 10.4; Cl 2.16-17; Hb 10.1ss) ; 2) Não há sequer uma referência à obrigatoriedade da guarda do sábado para cristãos, mas pelo contrário, todas as controvérsias acerca do sábado afirmam que o sábado é sombra, mas que a realidade é Cristo, de modo que o verdadeiro sábado é Cristo; 3) O Novo Testamento, assim como a literatura cristã primitiva, deixam claro que a Igreja no Novo Testamento já guardava o domingo como dia especial de culto e de celebração da Ceia do Senhor, pois é o dia da ressurreição, o dia do Senhor (Ap 1.10). O argumento de que o sábado é mandamento obrigatório para o cristão, parte da ideia completamente equivocada e sem a mínima fundamentação histórica de que foi Constantino ou o Papado, a partir do século IV d.C., quem mudou o sábado para o domingo, desconhecendo tanto as afirmações claras do Novo Testamento quanto a literatura cristã primitiva.
Observar o sábado está ligado à ideia de "descanso" e de "jejum", enquanto observar o domingo, de forma bem diferente, está ligado à ideia de "celebrar a alegria da ressurreição" e "Celebrar o sacramento da Ceia do Senhor". Tudo isso fica mais claro quando entendemos que foi apenas no dia 07 de março de 321 d.C. que o domingo se tornou um feriado, a partir da assinatura de um decreto pelo imperador Constantino. Ou seja, em seus primeiros três séculos, a Igreja observou o domingo, não como dia de descanso! E o motivo é simples: Entre os séculos I a III d.C., a Igreja nunca entendeu que o sábado e o domingo fossem a mesma coisa em dias diferentes.
Assim, Jesus Cristo é o Senhor do sábado, pois o sábado é sombra e Cristo é a sua realização (Rm 10.4; Cl 2.16-17). Quem está em Cristo já vive o sábado (Mt 11.29). Jesus Cristo é o nosso sábado, e nele todo dia é sagrado, mas o domingo é um dia especial para a fé do povo de Deus, pois é o Dia do Senhor, é o dia da celebração da ressurreição de Jesus. A Igreja, guiada pelo Espírito e orientada pela Palavra de Deus, vive na Nova Aliança e tem guardado, desde o Novo Testamento, o domingo (At 20.7-12; 1Co 16.1-4; Ap 1.10). Como diria J.-J. von Allmen, "o dia do culto cristão é, portanto, um memorial da ressurreição de Cristo" (ALLMEN: 1968.p. 267).
Aos fracos na fé, que acreditam que o sábado é necessário para a salvação ou que seja obrigatório para os salvos, ou mesmo que tenha a primazia sobre o domingo, devemos amar, com paciência e respeito (Rm 14.1-12).


BIBLIOGRAFIA
ALLMEN, J.-J. von. O Culto Cristão. São Paulo: Aste, 1968.
ALLMEN, J.-J. von.(org). Vocabulário Bíblico. São Paulo: Aste, 2001.
BAUER, J. B.(org.). Dicionário de Teologia Bíblica (2vols.). São Paulo: Loyola, 1988.
BETTENSON, H. Documentos da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 1998, pp. 29-30
BUCKLAND, A. R. e Williams, Lukyn. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Vida, 1998.
Didaque (http://www.eetad.com.br/v3/bacharel/textos/18/Didaque.pdf).
Epístola de Barnabé (texto digitalizado).
EUSÉBIO de Cesaréia. História Eclesiástica. São Paulo: Novo Século, 2002.
INÁCIO de Antioquia. Magnésios (http://pt.scribd.com/doc/7120001/Cartas-de-Santo-Inacio-de-Antioquia).
JUSTINO de Roma. I e II Apologias e Diálogo com Trifão. São Paulo: Paulus, 1995.
LEÓN-DUFOUR, Xavier(org.). Vocabulário de Teologia Bíblica. Petrópolis: Vozes, 2002.
SICRE, José Luís. Profetismo em Israel: o profeta, os profetas e a mensagem. Petrópolis: Vozes, 1996.
WHITE, Ellen G. O Grande Conflito. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 1996.

14 comentários:

  1. Olá, Marcião, que publicação legal. Como eu sou uma pessoa curiosa, também expressei minha opinião sobre os cristãos e a guarda do sábado no meu miniblog. Ficaria muito feliz se comentasse sobre ela. Pelo que li, é similar à sua:
    http://blogdoroneilson.blogspot.com/2019/03/a-melhor-forma-de-entender-relacao.html

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  2. Amigo, foi uma pesquisa bem feita, fui sabatista 30 anos hoje esto convencido de não haver no NT uma única ordem para os gentios a observarem o sábado, no entanto o mesmo vale para o domingo, os textos usados em seu estudo não passam em um escrutínio teológico. Não há base bíblica para o domingo. Pode ser no máximo um costume ou tradição.

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    1. Eu tambem acho o mesmo.No entanto concordo com o blog acima:
      http://blogdoroneilson.blogspot.com/2019/03/a-melhor-forma-de-entender-relacao.html

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  3. qual o problema de guarda o sabado quem nao gosta de um dia de descanso eu mesmo guardo para ler e refletir a palavra de Deus mim afastando do dinheiro que e a raiz de todos os males pergunte a um comerciante de escolher o sabado ou o domingo o sabado e um dia de muita venda porisso eles nao guarda por nada porque o dinheiro e tudo na vida deles

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  4. fazei o bem sem olhar a quem seja sabado ou domingo ou qualquer dia da semana maior e Deus do que todas as coisas d tu guarda nao jugue quem guarda e se tu nao guarda nao jugue quem nao guarda pos o mesmo Deus e o Criador ele e quem julga

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  5. Os encontros cristãos no Domingo é uma tradição iniciada pelo próprio Cristo. Mas nunca ele colocou como um dia para guardar, pois isso não existe mais na nova aliança, mas é uma tradição cristã. (ótima pesquisa.)

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  6. Bom dia bom as pessoa guarda o sábado por a lei de Moisés no 10 madamento ja os catolico guarda o domingo por causa que jesus ressucitar no domingo bom devemos guarda o sabado lembre jesus nao veio revolga a antiga lei de Moisés ele veio pra compri o domingo e pagao pois foi constantino o imperador romano que ser converteu o cristianismo e trouxe tudo que era paganismo pra dentro da ingreja cristã foi por isso que a ingreja de cristo ser rompeu trocaro a gloria de Deus por imagem repuguinante com certeza o sábado e o dia Deus pois quando o judeus repreendeu jesus por fazer milagres ou colher milho jesus resumiu os 10 mandamento em 2
    Amar a deus sobre todas as coisa
    Amar o próximo como a si mesmo

    Jesus nao veio julga o mundo pois ele veio pra salvá ser ele veio pra jugar nao precisava vim mais ele veio mostra amor ao pecadores pra o arrependimento

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  7. Quando nos falamos que Jesus. Não veio destruir a lê. Que Ele veio para comprir.estamos certo de falar isso..so quem poderia te comprido a lê só vou . jesus.e porrisso que Ele e o nosso salvador sem Ele não ar salvação.e olha que a lê já tinha no mundo.foi dados a Moisés será que nós salmo melhor do o povos. que sai do egito.cara que não Deus. deu alei 430ande de Cristo. Mas por que Cristo venho aí mundo já que nós salmo salvo pela a lei.? Por que nem o povos que sai do Egito concequi guarda a lei. Cristo venho ou mundo para compri a lei por nós .nós estávamos tudo perdido condenando a morte. Quando falamos que jesus compri a lei vcs estão certo .mas Ele compri a lei em nosso lugar.nem sábado nem domingo. Pode salva o homem. E porrisso que jesus e o nosso único salvador.nao outro..Ele compri todas lei de moisés.eu não vi muda a lei .Eu vim compri a lei em seu lugar para. Que vcs fosse salvo . Por mim..vcs tem 30 anos de vida .será que nesse anos todos nunca cometeu pecado.essa e a causa que nós somos salvo pela fé jesus.anti da lei avinha uma promessa.de salvação.galata 3:15 até 25

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  8. Que vcs encontram uma pessoa que guarda toda lei.vcs me apresentar.Eu vou ti falar que ele e Cristo meu salvador

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  9. Eu conguego na assembleia .Deus .e eu trabalho embarcado. Nós não vemos o domingo como um sálvado. Como os adventista ver o sábado salvado só tem um que Jesus. .e não venha falar que mentira.Ele ver sábado como um sábado. Tanto que fala besteira.que nós samos da da besta.galata 4: 9 até 11:Col 2:16 17 Romanos 14.5.6.ha quem considere um dia mais sagrado que outro .há quem considere iguais todos os dias cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Aquele que considera um dia como especial para o senhor assim o faz : estão que as igrejas cristão assa que o domingo mas sagrado do outro. Ela está fazendo paro o senhor não tem nada a ver marca da besta. .e olha que domingo foi o dia que Cristo ressuscitou .como uma igreja falar quem adoro o senhor no domingo. E da besta. Muitas pessoas seque esse ensinamentos.

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  10. Como que a igreja adventista fala quem adoro o no domingo e da besta. Veja o que está escrito.: Romanos 14.5.6.Ha quem considere um dia mais sagrado que outro;há quem condsidere iguais todos os dias.Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.Aquele que considera um dia como especial, para o senhor assim o faz.
    que a igreja cristã considera o domingo um dia mais sagrado e para o senhor o faz ..enta como que igreja adventista fala que nós adoramos a besta..olha que o domingo foi o dia que nosso senhor Cristo ressuscitado,como que uma igreja pode falar isso..olha só João 16 20 Digo-lhes que certamente vocês chorarão e se lamentaram.mas o mundo se alegrará vocês se entristecerao ,mas a tristeza de vocês se transformara em alegria.21 A mulher que. Está dando a luz sente dores porque chegou a sua hora ; mas, quando o bebê nasce, ela esquece a angústia,por causa da alegria de ter vindo ao mundo.salmo118 24 Este e o dia em que o senhor agiu alegremo-nos e exultemos neste dia:a crucificação de Cristo. Mateus 28,8 as mulheres saíram depressa do sepulcro,amedrontadas e cheias de alegria e foram correndo anuncia-lo aos discípulo de jesus. O filho da mulher nasceu.as sua tristeza sim transformar em alegria: como que a igreja adventista tem coragem de falar que o domingo dia da besta .será que eles estáo chamando jesus.de besta.pos quem adora jesus no domingo e e da besta .segundo a igreja adventista..Meu Deus

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  11. Estou dialogando com um irmão adventista, e pesquisando as Escrituras e a história da Igreja, fica muito claro que cristãos gentios não guardavam o sábado e nem a lei. Estes dias me debrucei em pesquisas históricas e cheguei às mesmas conclusões desta rica postagem deste excelente blog cristão. Aliás, o conteúdo aqui está muito bem organizado (começa com análise escriturísticas e depois vai para a história, muito bom!) e dissertado. Deus abençoe sempre, graça e paz!

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