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terça-feira, 11 de maio de 2010

A Face Materna de Deus


O que significa chamar a Deus de Pai? Se Deus é Pai, quem é a nossa mãe? Deus é macho ou fêmea? O estudo de hoje é uma reflexão sobre estas perguntas à luz da Bíblia.
Como falar sobre Deus? Ele é celestial, e nós, terrenos (cf. Jo 3.12). Se às vezes é difícil traduzir um texto de uma cultura para outra, imagine o que significa expressar a Deus com perfeição! Na verdade, Deus é tão grande que Ele não cabe nem na Bíblia. A Bíblia não nos diz TUDO sobre Deus, pois isso não seria possível nem mesmo com todos os livros do mundo, ou mesmo com o mundo cheio de livros sobre ele (Jo 21.25). Mas a Bíblia diz TUDO O QUE PRECISAMOS SABER sobre Deus. Ela é inspirada por Deus para que possamos conhecer o que podemos e o que precisamos. Quando Ele nos levar, passaremos a eternidade O conhecendo, cada vez mais, sem esgotá-lo! Por essas razões a Bíblia fala de Deus numa linguagem dinâmica, usando de comparações, símbolos e imagens. Calvino afirmava que quando Deus fala conosco, Ele acomoda a linguagem à nossa capacidade de entender, assim como uma mãe que se abaixa para falar com o filho, procurando traduzir o que fala em uma linguagem própria de criança.
A Bíblia usa muitas imagens, metáforas, símbolos e comparações para falar de Deus: Rocha (Sl 18.2), Escudo (Sl 3.3), Fogo Consumidor (Hb 12.29), Cordeiro (Jo 1.29), Cordeiro com sete chifres e sete olhos (Ap 5.6), Pomba (Lc 3.22), etc. Cada uma destas imagens tem por objetivo apresentar algum aspecto do caráter ou do poder de Deus, mas não querem dizer que Deus seja um mineral (Rocha), ou que Deus seja um artefato (escudo), ou que seja uma reação química (fogo consumidor), ou um aninal (cordeiro, pomba), ou mesmo um animal incrível (cordeiro com sete chifres e sete olhos). O mesmo acontece quando a Bíblia chama a Deus de Pai: é uma imagem para expressar o caráter de Deus, bem como nossa relação com Ele. Mas a palavra "Pai", por melhor que seja, não esgota Deus. É o que veremos abaixo.

1) IMAGENS MATERNAIS DE DEUS NA BÍBLIA
         A Bíblia fala de Deus em linguagem não apenas paternal, mas também maternal, pois nos ensina que Deus tem traços maternais. Alguns exemplos:
a) Deus como mãe que se compadece dos filhos (Is 49.15);
b) Deus como mãe que consola (Is 66.13);
c) Como Aquele que gera filhos (Dt 32.18; Jo 3.8; 1Jo 3.9; 1Jo 4.7; Tg 1.18, etc.);
d) O amor maternal de Jesus (Mt 23.37);
e) Deus é melhor que os pais ou que as mães (Sl 27.10);
f) O Espírito (Ruah): palavra hebraica no feminino.
Estes são apenas alguns exemplos. Muitos outros exemplos de linguagem maternal para Deus na Bíblia poderiam ser citados  .

2) DEUS E O SER HUMANO NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
         Ao falar de Deus e do ser humano na criação, na redenção e na consumação dos séculos, a Bíblia nos dá pistas muito importantes sobre a pergunta "Deus é machou ou fêmea?".
a) Criação (Gn 1.26-27). Quem foi criado à imagem e semelhança de Deus, o macho ou a fêmea? Não foi apenas o macho que foi criado à imagem e semelhança de Deus, mas a fêmea também! "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou". No início do verso, a palavra ´homem´ significa "humanidade", o que fica claro no final do verso, quando "homem", ao lado de "mulher", significa "macho". Tanto o macho quanto a fêmea são criados a imagem e semelhança de Deus! A pluralidade que há na trindade é expressa na pluralidade humana que há entre homem e mulher.
b) Redenção (At 10; At 16.31-33; Gl 3.28). No Reino inaugurado por Cristo não há distinção entre homens e mulheres (Gl 3.28), pois todos tem a mesma dignidade em Cristo. O homem não é nem mais e nem menos que a mulher. Isso fica claro no sinal da aliança: enquanto apenas o macho recebia o sinal da entrada na aliança no Antigo Testamento, na Nova Aliança o sinal não é recebido apenas pelo homem, mas também pela mulher (At 10; At 16.31-33).
c) Consumação (Mc 12.18-27). Jesus afirma que, na consumação dos séculos, ou seja, "no céu", seremos como os anjos de Deus, que não são divididos entre machos e fêmeas, pois não há anjo macho ou anjo fêmea.

3) CURIOSIDADE: O CASO DO EVANGELHO DE TOMÉ (APÓCRIFO)
Recentemente, os chamados Evangelhos Apócrifos tem chamado muito a atenção da mídia. Muita gente acusa a Bíblia cristã de muita coisa, inclusive de sexismo, e por isso alguns defendem os livros apócrifos do Novo Testamento, como o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Maria Madalena, deveriam ter sido incluídos no cânon (lista de livros sagrados) da Bíblia. Os dois apócrifos citados tem sido alvo, inclusive, peças importantes na trama de livros e filmes, como filme "O Stigmata" (1999) e o livro-filme "O Código da Vinci", de Dan Brown (2003 - livro - e 2006 - filme). No entanto, gostaria de citar uma passagem importante do Evangelho de Tomé, que encerra o livro:

"Simão Pedro disse a eles: "Maria deveria deixar-nos, pois as mulheres não são dignas da vida". Jesus disse: "Eu a guiarei para fazer dela homem, de modo que também ela possa tornar-se um espírito vivo
semelhante a vocês homens. Pois toda mulher que se torna homem entrará no reino do céu" (Evangelho de Tomé, verso 114).

O Evangelho de Tomé é um texto gnóstico, e a gnose de então costumava encarar o ser humano no dualismo carne (feminino) e espírito (masculino) - ou seja, a mulher está numa situação de inferioridade em relação ao homem. O Novo Testamento, ao contrário do Evangelho de Tomé, afirma que, em Cristo, homens e mulheres tem a mesma dignidade hoje (Gl 3.28) e no porvir (Mc 12.18-27). As mulheres, inclusive, são as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus (Mc 16.1-8).

CONCLUSÕES.
a) Tanto o homem quanto a mulher são criados à imagem e semelhança de Deus;
b) O domínio do macho sobre a fêmea não faz parte da ordem da criação, mas sim da Queda (a mulher só foi submetida unilateralmente ao homem após o pecado - Gn 3);
c) Em Cristo, caem das barreiras que separam as pessoas, e a dignidade, tanto de homens quanto de mulheres, é resgatada;
d) "Nos céus" não haverá distinção entre homens e mulheres. Nem haverá homens e mulheres! Portanto, Deus não é macho e Deus não é fêmea. Ele está acima da relação de gênero (ser macho ou ser fêmea).
 Portanto,

DEUS É MAIS QUE PAI. DEUS É MAIS QUE MÃE. DEUS É DEUS!

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