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segunda-feira, 29 de março de 2021

Meditações sobre a Semana da Paixão 2021 - JESUS E O TEMPLO (Mc 11.12-19)

 O que acontece naquela segunda-feira, quando Jesus entra no Templo de Jerusalém, é um dos pontos altos da Semana da Paixão. Mas você entende o que Jesus realmente fez? Jesus vai na segunda de manhã para o templo, mas antes passa por uma figueira e a amaldiçoa, pois não havia fruto nela (não era tempo de figueira dar fruto). No dia seguinte Jesus e os discípulos passam pela figueira e ela está seca! 

TEMPLO. Para entendermos a passagem, em primeiro lugar, vamos relembrar o que é o TEMPLO. O Rei Davi quis edificar um templo ao SENHOR, mas o SENHOR não o permitiu. Mas Davi recebeu promessas da parte do SENHOR: a) o descendente/filho de Davi (Messias) estabelecerá o Reino para sempre; b) o Messias edificará o verdadeiro Templo ao SENHOR; c) O Messias será filho de Deus (2Sm 7.12-16). Quando Salomão edifica o Templo de Jerusalém, fica claro que aquele não é o templo definitivo. Na oração de Salomão, quando a Arca da Aliança é levada ao Templo (ao Santo dos Santos), Salomão diz: "Mas será que, de fato, Deus poderia habitar na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus não te podem conter, muito menos este templo que eu edifiquei. Atenta, pois, para a oração de teu servo  e para a súplica, ó SENHOR, meu Deus, ouvindo o clamor e a oração que faz hoje o teu servo diante de ti" (1Rs 8.27-28). A Arca da Aliança expressava a Presença, o Perdão e o Poder de Deus, e ficava dentro do Santo dos Santos. Mas, nos dias do Profeta Jeremias (citado por Jesus - Jr 7.11), o Templo de Jerusalém e a própria cidade foram destruídos pelos Babilônios, ocasião em que a Arca da Aliança desapareceu (Jr 3.16). E de fato, aquele templo era uma realidade transitória. O Profeta Jeremias denuncia o erro de achar que o Templo protegeria o povo, mesmo diante da idolatria, da violência, da opressão e da injustiça do povo e seus governantes (Jr 7.1-15). 

OS PECADOS DO TEMPLO. E havia muito pecado envolvendo o Templo. Jesus afirmou, citando o Profeta Jeremias: "Não é isso que está escrito: 'A minha casa será chamada de 'Casa de Oração' para todas as nações'? Mas vocês fizeram dela um covil de salteadores" (Mc 11.17).

O que Jesus quer dizer com "covil de salteadores"? Na época do Novo Testamento a expressão apontava principalmente para os "revolucionários" judaicos, que queriam trazer o Reino de Deus a partir da força e do poder da violência. Isso aconteceu porque Israel se perdeu da sua Missão. O chamado de Deus para Abraão e, portanto, para Israel, era para ser uma bênção à todas as famílias da terra, bênção para todas as nações. A eleição é um chamado para abençoar todas as nações, mas Israel começou a pensar que a eleição era um privilégio exclusivo, algo só para ela mesma. À medida que Israel se afasta de Deus e do seu chamado de ser luz às nações, a idolatria, a injustiça e a violência avançam na vida do povo, levando à tragédia do Exílio e da dominação dos impérios pagãos. Na época do Novo Testamento muitos grupos revolucionários queriam trazer o Reino de Deus através da violência, das armas, da guerra. Essa é a visão dos salteadores. Mas Jesus é o Rei verdadeiro, que não veio trazer o Reino a partir da violência, da opressão ou da morte, mas do amor, da justiça e do perdão. 

Quando Israel perdeu o seu sentido de Missão, de ser uma bênçãos a todas as nações, começou a achar que eleição é excluir os outros. Mas eleição, segundo Jesus, é incluir os outros no amor, no perdão e na graça de Deus. 

Ao mesmo tempo que Israel se perde em relação ao chamado de Deus, se perde em relação ao Templo, que passa a ser também instrumento do enriquecimento de algumas classes de pessoas e de "central revolucionária", para aqueles que queriam derrotar o poder do Império Romano. 

A FIGUEIRA. A passagem da figueira, neste sentido, é uma ação simbólica, ou seja, Jesus anuncia, através da figueira que amaldiçoou, que aquele templo transitório estava com os dias contados. Não havia bom fruto no templo. De fato, no ano 70 d.C. os Romanos destruíram o templo, diante de um movimento de revolucionários judeus que lutaram contra o Império. 

O TEMPLO DEFINITIVO. Mas aquele templo não era o definitivo. Quem traria o verdadeiro templo é o Messias, o Rei Jesus Cristo. No Evangelho segundo João, lemos: "Então os judeus lhe perguntaram: - Que sinal você nos mostra para fazer essas coisas? Jesus lhes respondeu: - Destruam este santuário, e em três dias eu o levantarei. Os judeus responderam: - Este santuário foi edificado em quarenta e seis anos, e você quer levantá-lo em três dias? Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, os discípulos dele se lembraram que ele tinha dito isso e creram na Escritura e na palavra de Jesus" (Jo 2.18-22). Em outras palavras, Jesus afirmou que o verdadeiro templo não é o templo de Jerusalém, mas o seu próprio corpo! A presença, o perdão e o poder de Deus não vem à nós através da Arca da Aliança (que desapareceu desde o exílio na Babilônia), muito menos do templo, mas do próprio Messias, do Rei Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado! Ao amaldiçoar a figueira, Jesus declara o fim do templo de Jerusalém e aponta para o verdadeiro templo, seu próprio corpo!

Quando Jesus ressuscita dentre os mortos, ordena aos seus discípulos que permaneçam em Jerusalém até que fossem revestidos do Espírito Santo. Ao enviar o Seu Espírito sobre nós, nos tornamos santuário do Espírito Santo, Corpo de Cristo. O lugar sagrado não são os edifícios das igrejas, mas o nosso corpo, habitação de Deus no Espírito!

No domingo, Jesus entrou em Jerusalém, reivindicando o seu reinado sobre Jerusalém. Na segunda ele não apenas purifica o templo, mas declara o juízo sobre ele e sobre o que ele se tornara: ao invés de Casa de Oração para todas as nações, de acordo com a Missão de Deus para Israel, o templo se fechou para as nações e passou ser usado para lutar contra as nações, no erro que achar que a eleição era um privilégio exclusivo para Israel. 

Hoje, Jesus continua reivindicando o seu Reino sobre cada um de nós e sobre todos nós. Hoje o Rei continua nos chamando ao arrependimento, a abandonar a ideia que a benção é só para nós. Somos chamados a nos entregarmos ao amor, à justiça e ao perdão do Rei e sermos instrumentos para abençoar e incluir as pessoas. Somos chamados a ser o verdadeiro templo, habitação de Deus no Espírito, a entender que o Poder, a Presença e o Perdão de Deus não estão nos edifícios, mas em Jesus, que nos chama a viver como seu corpo vivo, abençoando todas as famílias da terra, abençoando todas as nações, através da Boa Notícia do Evangelho do Reino de Deus. 


ORAÇÃO: "Senhor Jesus, louvamos o teu santo nome, pois tu és o Rei sobre todas as coisas. Te louvamos porque a presença, o perdão e o poder de Deus vem à nós através de ti, através do seu amor revelado na sua vida sem pecado, na morte na cruz pelos nossos pecados e na tua ressurreição, na qual o Senhor já derrotou todos os teus inimigos. Enche a nossa vida com a tua graça para que não confiemos em mentiras ou ilusões, mas que a nossa alegria, nossa paz e nossa esperança estejam em ti, o verdadeiro templo, o verdadeiro Rei, o único Senhor e Salvador. Oramos agradecidos em teu nome. Amém!


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