A história das criaturas tem como pano de fundo a história do Criador com a totalidade da criação. Esta é a verdadeira história narrada nas Escrituras em vários capítulos. Vamos contar esta história
acompanhados das afirmações do "
Credo Apostólico", Credo aceito tanto por Católicos Romanos quanto por Protestantes (Evangélicos).
1) CRIAÇÃO (Gn 1-2).
"Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, criador do céu e da terra".
O SENHOR Deus cria todas as coisas, e cria tudo “muito bom” (Gn 1.31). O SENHOR cria o ser humano à sua imagem e semelhança, para que expressasse a imagem e semelhança de Deus no governo da criação. O SENHOR nos criou em total harmonia: teológica (com Deus), psicológica (consigo mesmo), sociológica (com o próximo), ecológica (com toda a criação). O dever do ser humano no governo concedido por Deus na criação é desfrutar e proteger a criação (Gn 2.15), tendo como alvo não apenas o bem estar do ser humano e de todas as demais criaturas, mas acima de tudo a GLÓRIA DE DEUS. O próprio domínio do ser humano deve ser a expressão do REINADO DE DEUS sobre todas as coisas, para a GLÓRIA DE DEUS.
2) QUEDA (Gn 3-11).
"
Creio... [na remissão dos]
pecados".
O ser humano foi criado por Deus, tinha comunhão com Deus e ouviu a Palavra de Deus, cujo mandamento era simples: “não coma do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Mas a serpente despertou no ser humano a incredulidade (não confiar em Deus e na Sua Palavra), que teve como fruto a desobediência (pecado). Nós caímos na fé em Deus (incredulidade), e precisamos levantar de onde caímos. O pecado foi a porta de entrada para todas as crises da humanidade: teológica (com Deus), psicológica (consigo mesmo), sociológica (com o próximo), ecológica (com toda a criação). É por isso que, de modo geral, as pessoas sabem que há algo de errado com o mundo, mas não conseguem explicar exatamente o que. O domínio de ricos sobre pobres, a desigualdade de gênero, a opressão étnica (“raças”), os distúrbios mentais e emocionais, enfim, todas estas crises tem como origem a crise fundamental na relação com o Deus Criador, que teve origem na incredulidade e na consequente desobediência.
3) ISRAEL (Gn 12-Ml 4).
"
Creio em ...
Cristo [/Messias]".
O Deus Criador é Amor (1Jo 4.8). Por isso, não abandonou a sua criação ao mal. O SENHOR é o Rei e nunca deixou de sê-lo. Por isso, o projeto do Reino de Deus é um projeto de Amor, de Restauração, de Justiça e de Paz. O ser humano pecou, e Deus chama o ser humano para ser seu colaborador na missão do próprio Deus, de restaurar todas as coisas. Por isso, Deus chama Abraão (Gn 12.1-3). O chamado de Deus para Abraão inclui a criação de uma grande nação (Israel), para que todas as famílias da terra fossem abençoadas. Abraão gera Isaque, que gera Jacó, que gera José e seus irmãos, que dão origem às 12 tribos de Israel, que ao final do Gênesis estão vivendo no Egito. O SENHOR liberta Israel da escravidão no Egito por meio de Moisés, e, confirmando a aliança com Abração, faz com Israel uma aliança, na qual Israel se compromete a adorar somente o SENHOR (culto) e a viver de acordo com a ética do reino de Deus (lei) (Ex 19). De Ex 19 a Nm 10.10 (Perícope do Sinai), Deus dá à Israel tudo o que precisa para viver na sua presença e cumprir o seu chamado: os mandamentos de Deus (ética), o tabernáculo (que abrigava a Arca da Aliança), o sacerdócio e os sacrifícios (culto). Com a Aliança no Sinai, o Israel assume o SENHOR como seu Rei. Após conquistar a terra prometida, o povo pede para si um rei, o que desagradou ao SENHOR (1Sm 8), e após dar ao povo um rei segundo o coração do povo (Saul), Deus concede à Israel um rei segundo o seu coração (Davi). O SENHOR promete à Davi um descendente que seria chamado de Filho de Deus, que reinaria para sempre e que edificaria um templo ao SENHOR (2Sm 7). Mas Israel não andou segundo a vontade do SENHOR, conforme denunciaram todos os profetas, tendo o reino de Israel, após ser dividido (Israel ao Norte e Judá ao Sul), foi destruído no Norte pelos Assírios (722 a.C.) e no Sul pelos Babilônios (587 a.C.). Israel fracassou no chamado e quebrou a aliança com o SENHOR (Jr 31.31-34). Assim termina o Antigo Testamento: no Exílio, expressão das crises trazidas pelo pecado do próprio povo de Israel.
4) JESUS (Mt-Jo).
"Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao céu; está sentado à direita de Deus Pai, Todo-poderoso".
Mas a história de Israel é conduzida à vitória por meio de Jesus de Nazaré, filho de Abraão, filho de Davi, Filho de Deus (Mt 1.1; Mc 1.1). O Filho de Deus se fez homem (encarnação), viveu uma vida perfeita de amor, perdão e justiça, completamente sem pecado (Hb 4.15), morreu na cruz pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa salvação (1Co 15.1-4). Ele é o verdadeiro tabernáculo, o verdadeiro Sumo-Sacerdote, o Sacrifício Perfeito. Ele é a Palavra de Deus encarnada. Ele é o filho de Davi que reinaria para sempre, seria chamado Filho de Deus e edificaria a casa de Deus. Nele, todas as promessas de Deus encontram o seu SIM, a sua confirmação, o seu cumprimento. Ele não veio apenas para salvar almas, mas para reconciliar consigo todas as coisas. Após a sua morte na cruz do Calvário e a sua Ressurreição ao terceiro dia, Ele sobe aos céus, se assenta à direita do Pai para reinar, e intercede juntamente com o Espírito Santo pelo povo de Deus, que Ele mesmo constitui como Santuário de Deus.
5) IGREJA (At 1-Ap 20).
"Creio no Espírito Santo; na santa igreja universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados".
Após subir aos céus, Jesus envia aos seus discípulos o Espírito Santo, durante a festa judaica do Pentecostes, que acontecia 50 dias depois da Páscoa. Ao enviar o Espírito Santo aos discípulos, Jesus edifica a Igreja, seu Corpo, seu santuário. A Igreja é a comunidade de discípulos chamada por Deus para a Missão de Deus. Jesus chama a sua Igreja: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.18-20). Nosso chamado é sermos discípulos de Jesus que fazem discípulos de Jesus. Estamos entre o Pentecostes e a Nova Criação. Na cruz e na ressurreição de Jesus, todos os inimigos de Deus já foram derrotados por Cristo, mas ainda não foram destruídos. Este é o período em que a igreja, como comunidade de discípulos de Jesus, é chamada a pregar o Evangelho, a Boa Nova da Salvação em Cristo Jesus, a todas as nações.
6) NOVA CRIAÇÃO (Ap 21-22).
"Creio em Jesus Cristo... que há de vir para julgar os vivos e os mortos... na ressurreição do corpo; na vida eterna".
Quando Jesus voltar, os mortos em Cristo ressuscitarão e, juntamente com os vivos em Cristo, serão todos levados diante de Deus (1Ts 4.13-18). Deus então vai julgar os vivos e os mortos (o que exclui a Igreja – Jo 3.16-18)), e trará Novos Céus e Nova Terra, em que habitam a justiça (Ap 21.1-22.5). Quando tudo estiver consumado, Deus será tudo em todos! (1Co 15.28).
Para saber mais:
BARTH, Karl.
Credo - comentário ao Credo Apostólico. São Paulo: Novo Século, 2003.
BARTHOLOMEW, Craig G. e GOHEEN, MICHAEL W.
O Drama das Escrituras: encontrando nosso lugar na história bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2017.
CARRIKER, Timóteo.
A Visão Missionária na Bíblia: uma história de amor. Viçosa: Ultimato, 2005.
CMI (Conselho Mundial de Igrejas).
A Confissão da fé apostólica. São Paulo: Conic/Ciências da Religião, 1993.